As Sefirot: Os Atributos do Criador
09/01/2012 17:01
Guia Prático para uma Vida Espiritual Saudável
Por Uriel Ben Ya'akov
Traduzido e Adaptado por Sha'ul Bentsion
I - Introdução: Alimento Sólido
Para verdadeiramente entendermos Elohim, e entendermos Yeshua, temos que estar dispostos a
fazermos uma grande mudança. Todo o nosso modo de pensar, de falar e de vider será transformado
se levarmos a sério este conhecimento cabalístico.
Primeiramente, devemos descartar tudo o que ACHAMOS que sabemos sobre o Criador. Devemos
entender que a nossa visão da natureza do Eterno é desviada e prejudicada pela teologia cristã. É
desviada e prejudicada por anos de abuso de poder na igreja. Foi tornada ineficaz pela rejeição da
chamada ‘ igreja’ das origens israelitas. Falando de forma bem simples, como podemos entender uma
divindade que foi revelada aos israelitas em uma linguagem e simbolismo bem específicos se
tentarmos fazer isso partindo de um sistema teológico e filosóofico que literalmente rejeita essa fonte
revelatória? Para entender Yeshua, Seus ensinamentos e Pessoas, devemos estar dispostos a
sacrificarmos idéias antigas, noções e preconceitos. Se você estiver disposto a fazer isto, então
começará a entender a “ carne” das Boas Novas.
II - A Origem da Cabalá
Dentro do Judaismo, não somente da época de Yeshua na terra, mas anterior até mesmo a isso
(anterior até ao Judaismo tal qual o conhecemos), Elohim falou a Moshe (Moisés) dando a Ele não
somente a Torá, mas também todo um entendimento sobre o mundo espiritual. Neste entendimento,
Elohim revelou a os mistérios da Sua existência. A este conhecimento sobre o mundo espiritual,
chamamos de ‘ Cabalá’ . Cabalá significa “ recebido” , numa alusão a um conhecimento que foi
revelado diretamente por Elohim. Antes que o leitor estranhe tal conceito, lembramos que também
poderíamos chamar de Cabalá aos escritos de Yochanan (João), principalmente ao livro de
Apocalipse. Poderíamos também chamar de Cabalá as visões de Daniel e de Yirmeyahu (Jeremias),
ao até mesmo a alguns dos Tehilim (Salmos). Ou seja, não estamos falando de nenhuma “ crença
Nova Era” ou misticismo oriental, astrologia, ou qualquer outra doutrina demoníaca que hoje em dia
está sendo falsamente identificada como “ Cabalá” . Estamos falando da Cabalá puramente bíblica.
Através desta Cabalá, desta revelação, os antigos profetas de Israel conheceram a Elohim como o
“ Ein Sof” , isto é, o que não tem fim, o Eterno. Agora, gostaria que vocês parassem por um momento
e pensassem em um Ser sem forma, sem tempo, e eterno. Tente formar esta imagem na sua mente.
Você consegue? Se você for como eu, você não conseguirá. Como podemos conceber tal Ser? O
conceito é totalmente estrangeiro ao nosso entendimento. Afinal, como podemos nós, seres finitos,
sequer começarmos a conceber um Ser Infinito? Eterno, Infinito, Sem Forma. Já demos significado a
estas palavras, mas na realidade não conseguimos entender como elas se manifestam. São conceitos
aos quais não conseguimos dar substância. É como tentar descrever o sabor do chocolate a alguém
que nunca o experimentou. É assim, tão limitado, que é o nosso conhecimento de quem é o Criador.
É extremamente difícil para nós imaginarmos um Ser que é o único Ser inteiro e completo e que
existe em Si mesmo. Nosso Criador sabe disso. Uma vez que nosso Criador é um Ser transcedental,
além da habilidade de nossos sentidos materiais de entenderem ou conceberem, em Sua misericórdia
Ele Se revela em formas que nossos sentidos simples podem entender. Nós usaremos o termo “ Ele”
para nos referirmos ao Ein Sof (Eterno), uma vez que Ele utilizou de forma primária a revelação do
Seu aspecto paterno. Contudo, devemos entender que Elohim é um Ser que não tem sexo.
III - As Sefirot
Antes do Ein Sof criar qualquer coisa, Ele emanou as “ Sefirot” , que podemos traduzir como “ luzes”
ou “ brilhantes” . Estas luzes são os Seus atributos e características. De certa forma, elas comunicam a
Natureza da Divindade em formas que a nossa mente finita pode compreender. Enquanto as
exploramos, veremos como somente uma pessoa, Yeshua, é a manifestação corporal perfeita de todas
elas. Vamos estudar cada uma dessas características.
As sefirot através das quais o Ein Sof se manifesta a nós são:
1 - Keter
2 - Biná
3 - Chochmá
4 - Malkut
5 - Chessed
6 - Tiferet
7 - Hod
8 - Netsach
9 - Yessod
10 - Guevurá
Ao lado, uma ilustração tipifica os três pilares do Eterno (vide artigo sobre a Natureza de D-us) e as
suas sefirot.
Cada sefirá (singular de “ sefirot” ) pode ser percebida em nossas vidas da seguinte forma:
1 - Keter (Coroa)
Implica na kavaná (intenção) e desejo divino. Conforme mencionamos antes, precisamos
desenvolver nossas consciências para que possamos fixá-la nos preceitos espirituais ao rendermos
nossas vidas ao caminho de Yeshua. Ao fazermos isto, nossa vontade pode ser condicionada para
viver a Torá (a “ Lei” de D-us) e refletir a imagem do Messias. Antes de atingirmos este ponto, a
nossa consciência é escrava da natureza caída, escrava do materialismo e do egocentrismo. Neste
estado, o Adversário é capaz de nos manipular. Contudo, quando nos entregamos a YHWH, e
quando buscamos refúgio em Seu Messias, podemos gradativamente evoluirmos para o nível do
Ahavá, isto é, do Amor de YHWH. Isto é frequentemente atingido através de serviço devocional, da
oração, a adoração em conjunto, da adoração familiar, do estudo das Sagradas Escrituras, da
observância da Torá e do ser um verdadeiro servo na sua comunidade. A kavaná também pode ser
desenvolvida através do envolvimento em questões sociais e ecológicas. Qualquer coisa que fizermos
de bom, com Yeshua sendo o nosso centro, é um fator que contribui para a nossa kavaná.
Novamente, Yeshua é o nosso exemplo perfeito. A Sua vida foi uma de constante consciência do
coração e da presença do Pai. Ele frequentou o Templo, foi à sinagoga, orou constantemente, ensinou
a sabedoria do Seu Pai, em suma, Ele estava vivendo a Torá! Nosso chamado para este grau maior de
consciência é difícil, porém é recompensador. Quando feito através de Yeshua, nós obtemos a nossa
coroa de glória, sendo recompensados com a eterna presença do nosso Pai. Será que você aceita este
desafio?
2 e 3 - Biná (Entendimento) e Chochmá (Sabedoria)
Todos nós recebemos vários graus de entendimento e sabedoria “ naturais” . Por exemplo, uma mãe
instintivamente sabe como cuidar e proteger o filho dela. Um homem sabe, sem que ninguém lhe
diga, que uma de suas responsabilidades para com a sua família é sustentá-la e protegê-la. E mais:
todos nós somos capazes de continuamente aprendermos coisas novas ao longo da vida. Aprendemos
sobre negócios, história, arte – uma grande variedade de tópicos. Contudo, a sabedoria e o
entendimento perfeitos são entender que o Ein Sof é a Fonte e o Proprietário Perfeito do
entendimento e sabedoria absolutos. E somos responsáveis por usarmos qualquer medida de biná e
chochmá que nos tenham sido dadas para entender e ganhar sabedoria relacionada ao Absoluto. "Ora,
se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Elohim, que a todos dá liberalmente e não censura, e
ser-lhe-á dada." - Ya’ akov/Tiago 1:5. Devemos aplicar a nós mesmos a realização dos princípios
sagrados que nos conduzirão à nossa transformação. Tenha em mente que o seu negócio, arte, etc.
são todos temporários. Precisamos desenvolver sabedoria e entendimento daquilo que é eterno. Shaul
escreveu o seguinte sobre sabedoria (e a sabedoria inclui esta cabalá que estamos explorando: "Na
verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos
príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Elohim em
mistério, que esteve oculta, a qual Elohim preordenou antes dos séculos para nossa glória" - 1
Coríntios 2:6-7. Yeshua possuia perfeitamente estas qualidades de sabedoria e entendimento, desde a
infância. Lembra do relato da Sua estadia no Beit HaMicdash (Templo), rodeado de rabinos? As
Sagradas Escrituras nos dizem: "E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das
suas palavras." - Lucas 2:47. E foi assim ao longo de toda a Sua vida. Quantas vezes lemos sobre
diversas pessoas tentando fazê-Lo tropeçar um dado tópico da Torá? Muitas! E em cada caso, seus
confrontadores foram derrotados pelo profundo entendimento e sabedoria que Ele possuia. Como
talmidim (discípulos), devemos imitar o nosso Mestre. Devemos buscar maior sabedoriam, e maior
entendimento para que quando o Adversário nos confrontar, ele possa sair derrotado.
4 - Malkut (Reino)
Em que você pensa quando escuta a palavra “ rei” ? Para a maioria de nós, isto traz imagens de um
reino, repleto de castelos e cavaleiros. Este sentido que usamos aqui não está muito distante da
realidade. Malkut na realidade indica duas coisas. Quando somos seres plenamente atualizados,
vivendo nosso verdadeiro propósito, então reconhecemos a influência e a liderança do Criador sobre
a totalidade de nossas vidas. Nossa completude como filhos do Todo-Poderoso se ampara na nossa
resposta ao Seu Reino, ou autoridade. Nós sérvios ao Soberano e somos feitos súditos fiéis do Reino.
Nós respondemos positivamente a este Reinado quando aceitamos a salvação oferecida pelo Messias
Yeshua. Se rejeitamos o chamado, permanecemos incompletos, seres não-naturais e em desarmonia.
Ele nos recebe em Sua Presença, e mesmo enquanto ainda estamos neste mundo, somos parte da Sua
comunidade. Isto não é “ a igreja” como muitos pensam, mas sim a comunidade de Israel que
reconhece a Sua Santa Lei e o Seu Reino. Isto significa que não pegamos e escolhemos as partes da
Santa Lei e que observaremos simplesmente porque o Rei é misericordioso o suficiente para perdoar
nossas transgressões. Não transformamos a Sua graça em uma licença para a desobediência e
desarmonia. Nós, como súditos leais do Rei do Universo, servimos a Ele com nobreza ao
observarmos a Sua Torá da melhor forma que pudermos. Somente quando fazemos isto, podemos
verdadeiramente dizer que somos parte da comunidade real. Você já pensou na diferença entre o
conceito de “ igreja” e o conceito de comunidade? “ Igrejas” são entidades corporativas. São
inorgânicas. São baseadas e estabelecidas em termos de números, cifras, gráficos, denominações e
funções. Você conhece alguma entidade corporativa no mundo de negócios que gera paz, reverência,
ou uma sensação de bem-estar? Através do mundo, ouvimos sobre pessoas que chegam até a cometer
suicídio por causa das intensas pressões do mundo corporativo. Para as corporações, o indivíduo não
importa. O que importa para as corporações é a produção: Quantas filiais temos? Quanto
conseguimos gerar de lucro? O que você pode fazer pela corporação? As corporações são vazios
espirituais. As “ igrejas” , sendo entidades corporativas, são muito similares. Nós testemunhamos nas
“ igrejas” ao redor do mundo pessoas que cometem suicídio espiritual. Elas são achatadas debaixo da
intensa pressão do dia-a-dia do mundo da “ igreja” . Elas não se sentem cuidadas como indivíduos.
Elas se sentem como se estivessem lá simplesmente para produzirem mais pessoas, ou mais recursos
para produzir mais pessoas, e isto não tem fim. Ou pior ainda, ficam completamente perdidas e
esquecidas no mundo das “ mega-igrejas” . Fica abundantemente claro que a ênfase da grande maioria
das “ igrejas” não é servirem a um mundo ferido, mas sim plantarem mais filiais das suas próprias
“ igrejas” , gerando mais números ou financiando projetos que beneficiam muito mais a denominação
do que as pessoas. O sentimento geral é “ o que você pode fazer para servir a ‘ igreja’ ?” A definição
bíblica de comunidade, contudo, a Kahal, é muito diferente. A comunidade é orgânica. A
comunidade, tal qual entendida na mentalidade nazarena, deve ser um santuário, um refúgio do
materialismo velado e da pressão competitiva do mundo secular. A comunidade é para cuidar dos
indivíduos, para que eles possam então, em troca, cuidarem de outros. As verdadeiras comunidades
nazarenas cuidam das necessidades espirituais e temporais específicas do indivíduo, ao mesmo
tempo em que reconhecem a nossa unidade em Yeshua. A comunidade de Yeshua deve ser um lugar
de tranqüilidade e reverência uns para cons os outros, bem como para com o Divino. Nós
reconhecemos a importância única e a beleza de cada pessoa como filho distinto e especial do
Criador. Assim como a Moshe (Moises) foi ordenado remover as suas sandálias porque ele estava em
terra santa, e ele obedeceu, assim nós reconhecemos que a nossa comunidade é sagrada, tendo sido
formada pelo próprio Yeshua, e nós a honramos através do reconhecimento da sua natureza sagrada.
É um lugar de adoração bem como de silêncio contemplativo. É a Casa do nosso Mestre, as pessoas
da Sua família (todos os que encontramos durante todo e cada dia) devem ser tratadas como um
irmão ou irmã que há muito estava perdido, e que estão retornando para nós. Assim como a parábola
do filho pródigo ensina, elas devem ser cumprimentadas calorosamente e a elas deve ser dado um
lugar de honra. Tendo estabelecido estes fatos, seja honesto e pergunte a si mesmo “ Eu vejo isso nas
‘ igrejas’ ?” Infelizmente, a resposta é quase sempre um ‘ não’ bem enfático. Mas o que podemos
fazer? Como podemos resgatar o sentido e a profundidade originais de uma comunidade e estilo de
vida espiritual tão transcendentes? Felizmente, não é tão difícil ou distante quanto podemos pensar.
Muitas pessoas assim como você, feridas e desencantadas com o “ igrejanismo” da sociedade
ocidental, estão olhando novamente para o antigo e original entendimento israelita da mensagem
espiritual de Yeshua. O conhecimento não se perdeu, apenas foi empacotado e esquecido como uma
roupa velha jogada no sótão. É hora de pessoas como você subirem ao sótão, assoprarem a poeira da
caixa, e colocarem estas roupas antigas novamente.
5 - Chessed (Misericórdia/Graça/Amor)
Misericórdia, Amor e Compaixão: Quem pode negar que o Criador é todas essas coisas? Esta
característica nos ajuda a entender que o Criador concede a nós bênçãos que nós na realidade não
merecemos. Quando eu vejo minha esposa cozinhar para mim, lavar para mim, e especialmente
quando eu a vi dar à luz a um filho meu e me amar, mesmo nos momentos em que não sou amável (o
que representa bastante tempo), eu entendo um pouco mais as profundezas do amor do nosso Pai
Celestial para conosco. "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados
filhos de Elohim; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a ele." - 1
Yochanan/João 3:1. Yeshua deixou claro que a compaixão, o amor, e a misericórdia do nosso Pai são
de grande extensão. Ele nos mostrou um amor tão extenso que nos mandou Yeshua para nos
ensinarmos e para, finalmente, dar a Sua vida por nós. “ Assim sabemos o que é o amor: Yeshua
HaMashiach deu a Sua vida por nós.” Este amor também requer, porém, algo da nossa parte. A
seguinte passagem das escrituras encapsula o desafio de Chessed. E é o desafio mais difícil de todos.
"Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros" - 1
Yochanan/João 3:11
6 - Tiferet (Beleza)
O Ein Sof é a incorporação da beleza. Tudo o que vemos ao nosso redor, todos os aspectos da
natureza que nos chamam a atenção pela virtude da beleza que exibe é na realidade um breve relance
desta característica do Ein Sof. Na realidade, não somos atraídos pela flor ou pela montanha. Elas são
apenas pedaços de matéria. Mas a qualidade indefinível a qual chamamos de beleza é inerente à
matéria, pois ela é um veículo para que o Ein Sof expresse a Sua natureza a nós. Desta forma, o
Eterno tornou uma experiência espiritual a apreciação da Sua criação, se o fizermos com a devida
kavaná (intenção/consciência). Da mesma forma, quando um homem e uma mulher se apaixonam,
eles estão na realidade se apaixonando com as qualidades do Ein Sof que se refletem na
personalidade e na beleza física daquela pessoa. Infelizmente, vemos que a humanidade nem sempre
ama a beleza com a kavaná (intenção/consciência) apropriada. E isto é bem bastante verdadeiro
quando falamos sobre a sexualidade humana. Ao invés de amarmos uns aos outros com a kavaná
(intenção/consciência) apropriada, transformamos isto em perversão. Ao invés de amarmos a beleza
do Eterno em cada um de nós, tentamos abusar desta beleza. Assim, a pornografia ganha uma base
sólida. Assim como o sexo extra-conjugal, a pedofilia, e toda a sorte de perversões. E há ainda
aqueles que são dotados de uma beleza física extraordinária e, ao invés de reconhecerem o dom em si
mesmo, se tornam arrogantes, egocêntricos, e fúteis. Eles vêem a si mesmos como a fonte da beleza,
quando na realidade não o são. Não é triste como nos desviamos tanto do Eterno até nas coisas mais
simples? Não há nada de errado em apreciarmos a beleza. Contudo, podemos apreciar a beleza uns
dos outros, tanto interna quanto externa, ao mesmo tempo em que a enxergamos como um lembrete
de que a beleza pela qual somos cativados na realidade é reflexo da beleza do nosso Criador que se
manifesta neles e através deles. Quando vemos a beleza na natureza ou uns nos outros, ela deve nos
lembrar da sua Fonte, e do nosso propósito na vida, que é amar e servir a Ele, bem como uns aos
outros.
7 - Hod (Glória)
A palavra hod significa “ glória” . O Ein Sof é glorioso, resplandecente em Seu estado perfeito e
santo. Yeshua manifestou esta glória aos seus emissários para não deixar dúvidas quanto à Sua
divindade. Nós também podemos expressar a glória dEle quando manifestamos os frutos da Ruach
(Espírito) nas nossas vidas. O talmid (discípulo) deve viver de forma que o Ein Sof seja glorificado.
Como pode uma pessoa fazer isto se estiver envolvida em sexualidade ilícita, uso de entorpecentes,
violência, linguagem de baixo calão, ou qualquer das muitas coisas pecaminosas que vemos em
nosso mundo? A pergunta surge naturalmente: Como podemos nos aproximar da glória dEle, e então
canalizar esta glória para o nosso mundo? É simples. Vevemos de acordo com os ensinamentos da
Tora, conforme explicado e exemplificado pelo Messias Yeshua. Fazemos o nosso melhor para
vivermos como Seus talmidim (discípulos) e sermos um exemplo para aqueles que ainda não O
conhecem. E quando nossos exemplos ganham uma atenção positiva de outros, não a aceitamos de
forma orgulhosa. Ao invés disto, nós deixamos muito claro que o trabalho e exemplo foram, na
realidade, dEle. E oferecemos glória somente a Ele. Quantas vezes você ouviu alguém se vangloriar
de suas próprias ações feitas em nome de Yeshua? É só escutar um televangelista qualquer e você
logo verá esta atitude tão feia. Se eu pudesse contar quantas vezes eu estava mudando de canais na
TV e escutei algo do tipo: “ D-us fez obras poderosas através de mim e do meu ministério! Então se
você fizer uma doação, eu poderei continuar a passar esta bênção a você!” É simplesmente
vergonhoso e nojento, não é mesmo? Se Yeshua escolhe fazer algo grandioso através de nós, como é
que poderemos sequer pensar em ganhar crédito por tudo isso? Vou ser bem franco. Se Yeshua faz
qualquer coisa de bom através de mim, muitas vezes é depois de “ lutar” comigo para que eu
entendesse o quanto eu sou teimoso e egoísta. Deixe-me dar um exemplo. Um jovem missionário de
quem eu havia me tornado amigo supostamente havia dito coisas muito ruins a meu respeito, e pelas
minhas costas. Eram coisas que magoavam, absolutamente mentirosas. Eu fui até o líder regional da
sua missão e contei a eles o que ele havia dito. Eu estava fumegando. Eu exigi que eles o
removessem do campo. E eles o fizeram. Pelo menos por uma temporada. Alguns meses depois, o
missionário estava de volta. Inicialmente, eu estava novamente ofendido e com raiva. Então a Ruach
HaKodesh (Espírito Santo) falou a mim. Eu me lembrei da minha própria estupidez. Eu também já
disse coisas que magoaram os outros. O que me faz diferente dele? Ele é falível, e eu também. Ele
está lutando com a natureza caída dele, e eu também. Ele comete erros, e eu também. Ele precisa da
graça de YHWH, e eu também. Será que eu quero que os outros guardem rancor de mim pro resto da
vida por causa de um erro? E daí que ele mentiu a meu respeito? Será que isto tem precedência sobre
os princípios espirituais? Será que é mais importante do que viver como Yeshua espera que eu viva?
A resposta, obviamente, é ‘ não’ . Eu percebi que eu tinha que ser o exemplo daquilo que eu esperava
dos outros. Então, eu perdoei o jovem rapaz, e também pedi perdão a ele. Eu pude ver as lágrimas
nos olhos dele quando eu apertei sua mão e disse a ele para seguir caminhando na Palavra. Eu
merecia qualquer glória por isso? Claro que não. Eu era teimoso, intransigente, raivoso, rancoroso e
hipócrita. E, ainda assim, Yeshua trabalhou comigo e através de mim. A obra foi dEle, o esforço foi
dEle, o amor foi dEle e o perdão foi dEle. Tudo o que eu fiz foi obedecer quando Ele falou. E você
pode fazer isso também. Mas não se esqueça: a glória é toda dEle.
8 - Netsach (Esplendor)
O Ein Sof é a soma total de tudo aquilo que conhecemos como esplendor. Quando contemplamos o
esplendor, ele nos cativa, e nos deixa num estado em que somos consumidos pela admiração. Quando
oramos, devemos ter em mente o Esplendor do Eterno. Devemos nos lembrar de que estamos na
presença dEle. Uma coisa que realmente me incomoda no cristianismo moderno é que
freqüentemente as pessoas oram sem reverência, sem um senso de admiração. Infelizmente, os
espectros mais carismáticos e evangélicos do cristianismo fazem muito isso. Ao buscarem um
relacionamento mais próximo com o nosso Pai Celestial, eles na realidade tentam fazê-Lo descer até
o nível deles, ao invés de tentarem encontrá-Lo no nível dEle. Imagine por um minuto que Yeshua
apareceu na sua frente neste momento. Você falaria com ele como se ele fosse o seu primo que
apareceu para te visitar? Você daria um tapinha nas costas dele e diria “ Vamos tomar um drink!”
Você traria e charutos e diria “ E aí Yeshua, meu chapa! Dê um trago.” Ou você riria, rolaria no chão,
pularia pra cima e pra baixo, tagarelando de forma incoerente (“ em línguas” é claro)? Ou contaria a
ele uma piada? Eu duvido muito. Se você for uma pessoa comum, como eu, cairia de joelhos,
provavelmente em meio às lágrimas, e mal conseguiria falar. Eu tremeria, e me sentiria
completamente atônito de estar na Sua Presença que eu não prestaria atenção em mais nada, somente
nEle. Este sentimento de admiração face ao Seu esplendor, esta reverência intensa é o que
precisamos resgatar nas orações. O Ein Sof está presente a cada momento de cada dia. É um
pensamento assustador, não é? Quanta reverência você mostra a Ele em oração e adoração? Você
recita uma fórmula de oração sem pensar, ou você fala com reverência e admiração do seu coração,
dando a Ele a sua completa atenção? O desafio está aí. Na próxima vez em que você orar, leve isto
em consideração. E veja se consegue mudar a sua atitude com relação à oração.
9 - Yessod (Fundação)
Esta palavra implica não só em uma fundação, mas em uma base de existência. A base e fundação da
existência de cada ser vivo é o Ein Sof, o Eterno. E o Criador é a Fonte que dá vida a tudo. É a Sua
energia que dá vida e permeia toda a criação. Ele é a vida que está na árvore, na flor, nos oceanos,
nos animais, em você e em mim. É somente dentro da fundação do serviço devocional ao nosso
Criador que conseguimos verdadeiramente viver. Esta vida não nos foi dada para que a
desperdicemos nas ilusões do materialismo. Nem foi dada a nós para que agíssemos como se o nosso
Pai Celestial não estivesse presente em nossas vidas diárias. Se vemos a nós mesmos como
independentes, ou como controladores de nossas próprias vidas, não só estamos enganados, como
também estamos tentando ser a fundação de nossas própria existência: uma fundação que é falha por
causa das rachaduras de uma natureza que já demonstrou a sua destruição em nossa sociedade.
Contudo, Yeshua exemplificou com perfeição a Sua consciência do Yessod em Sua vida terrena. Em
tudo o que fez, Ele exibiu uma consciência clara da centralidade do Divino como a Sua fundação. Ele
ensinou que homens sábios fazem construções na rocha, e não na areia. Se a nossa fundação não é
nada mais do que qualquer que seja a diversão temporária que conseguimos tirar desta vida, então
construímos na areia. Ele ensinou que o homem que faz isso encara a seguinte conseqüência: "E
desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa,
e ela caiu; e grande foi a sua queda." - Matitiyahu / Mateus 7:27. Qual é a sua fundação? É dinheiro,
fama e poder? Você se coloca no centro do universo, elevando-se à posição que somente o Eterno
pode ter? Se tentarmos ser nossa própria fundação, a casa certamente cairá. Afinal, nós somos seres
finitos e falíveis. Isto é qualquer coisa menos uma fundação sólida. Devemos estar dispostos a nos
colocarmos na meta de cumprirmos no nosso propósito na verdadeira fundação das nossas vidas. O
propósito da vida não é servir o nosso próprio egocentrismo, ou à nossa natureza caída. E isto é
exatamente o que um ateu acha que consegue realizar. Tais indivíduos se tornam “ rasha” , maus,
pensando que são independentes e que são o “ deus” de suas próprias vidas. Enquanto isso, o netsari
deve saber que o Ein Sof é a única base verdadeira e a fundação para a existência. "Todo aquele,
pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que
edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram
com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha." - Matitiyahu
7:24-25. Somente quando aplicamos a sabedoria de Yeshua em nossas vidas e nos submetemos à Sua
liderança que podemos ter certeza de que temos uma fundação sólida.
10 - Gevurá (Força)
Esta característica particular é o que nos ajuda a cumprirmos as Santas Leis do Eterno e vermos o
nosso Criador como o Juiz de tudo. Ela implica no fato bastante real de que o Criador colocou limites
em nossas vidas. É de nossa responsabilidade, como talmidim (discípulos), aderirmos aos preceitos
de YHWH. Devemos evitar vê-los simplesmente como regras materiais e mundanas. Elas são
espirituais porque são dadas por um Ser absolutamente espiritual. Esta é outra área onde o
cristianismo se desviou muito. Eles dizem que não têm Lei, e que Yeshua a aboliu. Eles ignoram
completamente a Sua frase onde diz exatamente o contrário. "Não penseis que vim destruir a Torá ou
os profetas; não vim destruir, mas para torná-los plenos. Amen! Por que vos digo que, até que o céu e
a terra passem, de modo nenhum passará da Torá um só Yud ou um só traço, até que tudo seja
cumprido." - Matitiyahu / Mateus 5:17-18. Da última vez em que eu verifiquei, os céus e a terra
ainda estavam aqui. Portanto, a Torá deve ser observada. Eu concordo que é muito mais fácil
simplesmente fazermos aquilo que desejamos. Quando eu fumava, me embebedava, tomava drogas e
vivia um lixo de vida, era muito fácil. Eu não devia satisfações a ninguém a não ser a mim mesmo.
Eu saía da cama a hora que eu desejava, comia o que desejava, saia com quantas mulheres eu queria
usar (sim, ‘ usar’ é a palavra correta, pois não tinha nada a ver com amor), ficava a noite toda em
boates me arrebentando em quaisquer drogas que estivessem disponíveis, tomava a quantidade
copiosa de álcool que eu quisesse, ia para casa, vomitava até a alma, e acordava no dia seguinte para
fazer a mesma coisa. Cara, isso é que era vida! Ou será que era? A verdade é que eu estava apenas
existindo, e ainda assim fazendo um péssimo trabalho em existir. Eu era um fraco patético. Eu não
tinha disciplina alguma em minha vida. Eu não vivia por propósito algum mais nobre do que eu
mesmo. E, aparentemente, isso não era uma boa razão para viver uma vida decente. Somente quando
eu percebi que eu havia sido criado para viver um propósito maior que força, força verdadeira, entrou
na minha vida. A força que Yeshua nos ajuda a desenvolver é a força necessária para viver a vida
ousada de um ser espiritual. E esta força só é obtida pela obediência à Torá dEle. Ao mesmo tempo
em que o Criador é misericordioso, Ele também nos julgará. Será que aceitamos à ordem do Seu
Messias ou continuamos a viver por nada mais do que nossa natureza caída?
IV - A Shechiná: Presença de Elohim
Você experimentará a Presença de Elohim em sua vida quando você buscar diligentemente a
realização do mais alto patamar de cada uma das sefirot na sua vida. A Ruach HaKodesh (Espírito
Santo) habitará em você, fazendo de você um templo vivo de Elohim. Esta é a plataforma
transcendente do talmid (discípulo) de Yeshua!
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