Você Realmente Sabe Quem Foi Yeshua?
09/01/2012 16:49
Por Sha’ul Bentsion Ben Avraham
(Baseado em diversas fontes da Internet)
Parte I
Yeshua, o Judeu
I.1 - INTRODUÇÃO
Se alguém te perguntar quem é Paul McCartney você saberia responder?
Creio que a grande maioria saberia dizer que era um dos integrantes
dos Beatles. Outros lembrariam que ele mora na Inglaterra, outros
ainda que ele foi casado com Linda McCartney. A grande maioria das
pessoas pouco sabe sobre os detalhes da vida dele. Mas, se você
perguntasse isto a um membro de um fã-clube dos Beatles? Você
provavelmente esperaria que eles conhecessem muitas coisas a respeito
do Paul McCartney.
Agora, se alguém te perguntasse o que você sabe sobre quem foi
Yeshua? Como ele viveu? A que grupos sociais ele pertencia? Entre
outras… Infelizmente, a realidade é que muitos dos que se dizem
seguidores dele mal o conhecem! E você, realmente sabe quem foi
Yeshua? Esta série de artigos tem por objetivo justamente isto:
contar um pouco mais sobre Yeshua e a vida que ele levava.
I.2 – PODEMOS CUSTOMIZAR O MESSIAS?
Uma das grandes mentiras que a "Nova Era" propaga entre os povos é a
idéia de que D-us pode ser do jeito que você desejar que Ele. É como
um verdadeiro supermercado espiritual onde as pessoas escolhem aquilo
no que crer. Infelizmente, muitos dos ditos seguidores de Yeshua fazem
o mesmo com ele, às vezes até mesmo sem perceber. O Yeshua que é
apresentado nos Evangelhos não é uma pessoa mística que se enquadra a
qualquer gosto. Yeshua nasceu, cresceu, viveu e pregou entre judeus.
Fez discípulos judeus, que o descreveram nos livros do Brit Hadasha
(Novo Testamento) dentro de uma ótica judaica. Se o removemos de Seu
contexto judaico, jamais o entenderemos de fato.
O movimento iniciado por Yeshua cresceu tanto que hoje é encontrado em
cada tribo e nação do planeta. Tal fé rompeu todas as barreiras
culturais e sociais. Em Yeshua, a mensagem de D-us é para todos, a
salvação é para todos, e não há divisões étnicas ou barreiras raciais.
Contudo, o centro da fé bíblica é Yeshua, e Yeshua é um judeu.
I.3 – O NASCIMENTO DE UM JUDEU CHAMADO YESHUA
Ele nasceu de uma mãe judia, e pertenceu a uma típica família judaica.
Como todo filho homem judeu, fez o seu Brit Milah, ou seja, foi
circuncidado ao oitavo dia. De acordo com a tradição judaica, recebeu
o seu nome no dia em que foi circuncidado, como os judeus o fazem até
hoje. Ele recebeu o nome de Yeshua. O nome foi dado porque Yeshua
significa "salvação". Yeshua recebeu a missão de salvar o Seu povo de
todos os seus pecados. Pergunta: Yeshua falhou em tal missão? Espero
que ninguém responda que sim! Se Yeshua não falhou, porque ainda há
pessoas que insistem em dizer que os judeus não serão salvos? O povo
de Yeshua descende de Avraham (Abraão), Itzchak (Isaque) e Ya'akov
(Jacó). O povo de Yeshua é o povo judeu.
I.4 – A VIDA COMUNITÁRIA DE YESHUA
Yeshua foi criado como judeu numa comunidade que seria equivalente ao
que é hoje uma comunidade judaico-ortodoxa. Você conhece uma
comunidade judaico-ortodoxa? Não? Sem ao menos sabermos como é, jamais
entenderemos a Yeshua plenamente.
Natzeret (Nazaré), sua cidade natal, foi fundada pelos descendentes do
Rei David, e ficava na Galiléia, uma região totalmente judaica. Você
conhece a história da Galiléia, berço de nosso Salvador? Pois é, pouco
se conta nas igrejas que a Galiléia era um dos maiores centros de
estudos judaicos de Israel naquela época. Yeshua não simplesmente
"nasceu sabendo" tudo o que ele sabia. Lembre-se de que Ele se desfez
de Sua glória para se tornar humano. Não foi por acaso que o Pai o
colocou naquele local. Yeshua aprendeu de perto com alguns dos maiores
rabinos daquela época. Você sabia que muitos de seus ensinamentos são
citações de tais rabinos? Pois é, caro leitura, como você pode ver,
sem conhecermos o trabalho de tal rabino, como compreender a educação
que teve nosso Messias? Yeshua foi educado como um parush (fariseu).
Certamente que tal educação influenciou suas disputas teológicas com
algumas escolas farisaicas. Ao contrário do que muitos crêem, Yeshua
não era contra TODOS os fariseus, mas tinha disputas sérias com os
p'rushim (fariseus) da escola de Shammai, que eram extremamente
legalistas.
Sua vida na comunidade judaica foi absolutamente normal. Conforme o
costume judaico, ele observava todas as festas bíblicas, e buscava ao
Pai no Shabbat, o dia que o Eterno desde a fundação do mundo
estabeleceu como Seu dia.
I.5 – A ALIMENTAÇÃO DE YESHUA
Yeshua tinha uma saudável alimentação kasher, de acordo com a Torah em
Vayicra (Levítico) 11. Isto significa que carnes como a de porco,
coelho, répteis, camarão, etc., além de boa parte da gordura animal,
não faziam parte da sua dieta. Durante o Pessach (a "páscoa" judaica),
Yeshua como todo bom judeu comia apenas pães sem fermento. Yeshua
também jejuava no Yom Kippur, o conhecido Dia da Expiação, quando o
Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) oferecia sacrifício pela expiação do
pecado do povo.
I.6 – COMO YESHUA SE VESTIA?
Yeshua se vestia como judeu. Isto significa que não misturava lã com
linho, conforme determinação da Torah. Yeshua certamente usava tallit,
o sagrado manto de oração que contém os tzitzit, que são as franjas
que a Torah determina que usemos para nos lembrarmos de que devemos
viver de acordo com os preceitos do Eterno. Os tzitziyot de Yeshua
possuiam um fio azul, que simboliza o caminho de safira descrito em
Shemot (Êxodo) 24:10, ou seja o caminho do Eterno. Foi justamente nos
tzitzit de Yeshua que a mulher que tinha fluxo de sangue tocou e foi
curada. Não foi um simples ato de tocar em Yeshua. Tocar nos tzitzit
significava que ela reconhecia nEle a autoridade de Messias.
Como todo judeu de seu tempo, Yeshua também certamente usava kippah. O
kippah é uma cobertura para a cabeça que representa nosso
reconhecimento de que a Shechinah (Glória) do Eterno está sobre nós. É
uma vestimenta que deriva das vestes sacerdotais na Torah.
Yeshua também usava t'filim, popularmente conhecidos como filactérios.
Os t'filim têm como objetivo simbolizar que as leis do Eterno estão
presentes em nossa mente (por isso é atado entre os olhos) e em nossos
atos (na mão). A Torah do Eterno nos guarda para que não pequemos em
nossa mente nem em nossos atos.
I.7 – YESHUA E A SINAGOGA
No Shabbat, pela manhã, Yeshua ia à sinagoga. Ao contrário de muitos
hoje em dia que fazem tudo por um microfone, Yeshua sabia que antes de
poder falar e questionar, era necessário aprender. Provavelmente, como
era de costume, aos cinco anos Yeshua começou a aprender a o hebraico
(sua língua nativa era o aramaico) e a estudar a Torah do Eterno. Por
volta dos 13 anos, Yeshua provavelmente fez o seu Bar Mitzvah, uma
cerimônia que marca a passagem da criança para a vida adulta. Como
todo judeu, aos 13 anos Yeshua tinha que saber de cor toda a Torah.
Fica a pergunta: nós que nos dizemos seguidores deles, quanto das
Escrituras sabem nossos filhos aos 13 anos? Será que nós sabemos hoje
tanto quanto um menino judeu sabia no tempo de Yeshua? Como teremos
uma fé sólida sem conhecermos as escrituras.
No Shabbat, Yeshua não só aprendia a Torah como recitava bênçãos.
Estas bênçãos não são como nas igrejas pós-modernas. Não visavam
prosperidade, mas sim darmos o devido reconhecimento ao Eterno da
soberania dEle sobre nossas vidas. Ao declararmos Sua majestade,
fortalecemos nossa fé. Ao fortalecermos nossa fé, nossa vida
espiritual melhora. Com a vida espiritual melhor, somos mais felizes,
mais preparados e nos sentimos mais próximos a D-us. O menino Yeshua
sabia disto ao ler o Siddur (livro de bênçãos) a cada Shabbat. Após
sua maioridade, Yeshua também passou a participar da leitura do
Tanach. É tradição judaica até hoje ler-se muito os textos sagrados no
Shabbat. Foi desta forma que Yeshua pôde ler o rolo de Yesha'yahu
(Isaías) e declarar que Ele era o cumprimento. Yeshua sempre
argumentava a partir das Escrituras, espondo-as perante o questionador
(uma técnica rabínica).
Ao final do Shabbat, Yeshua participava do Kiddush, que é o animado
partir do pão onde damos graças ao Eterno pelas provisões semanais. Os
discípulos de Yeshua mantiveram esta prática após os serviços, tanto
que é mencionado o partir do pão diversas vezes no livro de Atos.
I.8 – YESHUA SE TORNA UM RABINO
Yeshua tornou-se um respeitado rabino. Para alguém se tornar um
rabino, é necessário (até hoje) muito estudo. Este foi certamente um
dos motivos (ou talvez "o" motivo) de Seu ministério só ter se
iniciado por volta dos 30 anos. Ele ensinava a partir do Tanach
(Tanach significa: Torah, Nevi'im / Profetas, e Ketuvim / Escritos).
Ao contrário do que aparece nos filmes, a grande maioria dos
discípulos de um rabino eram meninos, bastante jovens. Com Yeshua não
era diferente. Vemos até mesmo pela idade em que morreram que os
discípulos de Yeshua tinham entre 13 e 20 anos, no máximo. Eram
meninos inexperientes.
Ao contrário da nossa cultura, onde vamos à escola por 4-5 horas e
voltamos para casa, um discípulo no judaísmo vivia com o seu rabino.
Com os discípulos de Yeshua não era diferente. Eles não desviavam os
olhos de Yeshua um minuto sequer. Será que somos assim?
I.9 – YESHUA: ETERNAMENTE JUDEU
Infelizmente, ao longo dos séculos, a figura de Yeshua transformou-se
no "Jesus anti-semita" que encontramos primeiro na igreja de Roma, mas
que depois foi herdada por muitas outras igrejas. A teologia
anti-judaica e a premissa de que não é importante vivermos conforme as
leis do Eterno nada tinha de semelhante com a pregação do rabino
Yeshua, um grande judeu que viveu o pleno cumprimento da Torah.
Yeshua é um judeu, viveu como judeu, morreu como judeu, e de acordo
com Ezequiel, continuará a ser o Sumo Sacerdote segundo a ordem de
Malki Tzedek, oficiando no Templo (judaico) de Yerushalayim
(Jerusalém).
Tão precioso sangue de Yeshua, derramado por nossos pecados na cruz,
era sangue judeu. E a placa acima de sua cruz dizia: "Yeshua de
Natzeret, Rei dos Judeus"
Parte II
Com Quem Yeshua
Estudou
II.1 – ONDE ESTUDOU YESHUA?
Segundo a tradição judaica, o Messias deveria ensinar ao povo a
correta interpretação da Palavra do Eterno. E foi isto que Yeshua
fez. Para isto, antes de começar o seu ministério, Yeshua foi um
aluno bastante aplicado.
Yeshua demonstrou grande familiaridade tanto com a linha dos essênios
(com a qual teve contato através de seu primo Yochanan Bar Zachariah,
popularmente conhecido como "João Batista") quanto com a linha
rabínica da escola de Hillel.
Mas seu conhecimento não se limitava às tais linhas. Yeshua, antes de
mais nada, conhecia profundamente as Escrituras e a sabedoria judaica.
II.2 - PARALELOS ENTRE YESHUA E A ESCOLA DE HILLEL
Os ensinamentos de Yeshua se assemelharam muito com a linha da escola
de Hillel (embora houvesse alguns ítens de discordância, como a
questão do divórcio por exemplo). Hillel, que viveu pouco tempo antes
de Yeshua, foi um dos maiores judeus de toda a história, um grande
rabino.
Veja o impressionante paralelo entre os ensinamentos de Yeshua e a
Escola de Hillel:
1) A Escola de Hillel disse:
"se alguém busca te fazer o mal, farás bem em orar por ele"
(Testamento de Yosef XVIII.2) –
Yeshua disse:
"Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos
perseguem;" - Matitiyahu (Mateus) 5:44
2) Em Menahot 4, no Talmud, encontramos o Rabino Shammai querendo
fazer tzitzit mais largos do que os seguidores da Escola de Hillel
(Menahot 4)
Yeshua disse:
"Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens;
pois alargam os seus tefilim, e aumentam os tzitziyot dos seus
mantos;" – Matitiyahu (Mateus) 23:5
3) A Escola de Hillel disse:
"Se o mundo inteiro estivesse reunido para destruir o yud, que é a
menor letra da Torah, eles não seriam bem sucedidos" (Canticles
Rabbah 5.11; Leviticus Rabbah 19). "Nenhuma letra da Torah jamais
será abolida" (Exodus Rabbah 6.1).
Yeshua disse:
"17 Não penseis que vim abolir a Torah ou os profetas; não vim
abolir, mas cumprir.
18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de
modo nenhum passará da Torah um só Yud ou um só traço, até que tudo
seja cumprido." – Matitiyahu (Mateus) 5:17-18
4) A Escola de Hillel disse:
"Aquele que é misericordioso para com os outros receberá misericórida
do Céu" (Talmud - Shabbat 151b; - compare com);
Yeshua disse:
"Benditos os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia." -
Matitiyahu (Mateus) 5:7
5) A Escola de Hillel disse:
"Eles falam 'Remova o cisco do seu olho?' Ele retrucará, 'Remova a
trave do seu próprio olho" (Talmud - Baba Bathra 15b).
Yeshua disse:
"E por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não reparas na trave
que está no teu olho?" – Matitiyahu (Mateus) 7:3
6) A Escola de Hillel disse:
"É lícito violar um Shabbat para que muitos outros possam ser
observados; as leis foram dadas para que o homem vivesse por elas,
não para que o homem morresse por elas." Todas as seguintes coisas
eram lícitas no Shabbat, segundo a escola de Hillel (os p'rushim que
debatiam com Yeshua certamente eram da escola de Shammai): salvar
vidas, aliviar dores agudas, curar picadas de cobra, e cozinhar para
os doentes (Shabbat 18.3; Tosefta Shabbat 15.14; Yoma 84b; Tosefta
Yoma 84.15)
Yeshua disse:
"Então lhes perguntou: É lícito no Shabbat fazer bem, ou fazer mal?
salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram." – Marcus 3:4
7) "o Shabbat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabbat,"
também aparece em material rabínico (Mekilta 103b, Yoma 85b). Além
disto, os Rabinos da escola de Hillel frequentemente citavam Hoshea
(Oséias) 6:6 para argumentar que ajudar os outros era mais importante
do que observar ritos e costumes (Sukkah 49b, Deuteronomy Rabba em
16:18, etc.),
Yeshua disse:
"E prosseguiu: O Shabbat foi feito por causa do homem, e não o homem
por causa do Shabbat." – Marcus 2:27
8) A respeito dos exageros nos rituais de purificação, um rabino da
escola de Hillel, Yohanan ben Zakkai, contemporâneo de Yeshua,
disse: "Na vida não são os mortos que te fazem impuros; nem é a água,
mas a ordenança do Rei dos Reis, que purifica." - compare com o
relato de Marcus 7
9) Os rabinos da escola de Hillel também eram partidários da tese de
que é pela graça do Eterno que somos salvos, e não por mérito de
obras: "Talvez Tu tenhas grande prazer em nossas boas obras? Mérito e
boas obras não temos; aja para conosco em graça." (Tehillim Rabbah,
on 119:123).
10) A Escola de Hillel também teve disputas com Saduceus a respeito
da questão da ressurreição dos mortos. Veja o que o rabino Gamaliel,
neto de Hillel e contemporâneo de Yeshua, disse, referindo os
Saduceus a Devarim (Deuteronômio) 11:21 ou Shemot (Êxodo) 6:4, ". . .
a terra que ADONAI jurou dar aos seus pais," o argumento é lógico e
convincente: "Os mortos não podem receber, mas eles viverão novamente
para receber a terra " (Talmud - Sanhedrin 90b)
Yeshua disse:
"Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moshe o mostrou, na
passagem a respeito da sarça, quando chama a ADONAI; Elohim de
Avraham, e Elohim de Yitz'chak, e Elohim de Ya'akov. Ora, ele não é
Elohim de mortos, mas de vivos; porque para ele todos
vivem." Lucas 20:37-38
11) O rabino Yochanan ben Zakkai também conta parábola semelhante à
de Yeshua, a respeito de convidados de um rei para o banquete
Messiânico, ao comentar Yesha'yahu (Isaías) 65:13 e Eclesiastes 9:8
(vide Talmud – Shabbat 153a).
12) O próprio Hillel disse:
"Sejam discípulos de Aaron, amando a paz e perseguindo a paz, amando
as pessoas
e as trazendo para perto da Torah" (m.Avot 1:12)
Yeshua disse:
"9 Benditos os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de
Elohim." – Matitiyahu (Mateus) 5:9
"Uma nova mitzvah vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros." Yochanan
(João) 13:34
13) A "Regra de Ouro" de Hillel:
"...e [Hillel] disse a ele "Não faça aos outros o que não deseja que
façam a você: esta
é toda a Torah, enquanto o resto é comentário disto; vai e aprende
isto." (b.Shab. 31a)
Esta regra, que era a base de todo talmid (discípulo) da escola de
Hillel, é citada explicitamente por Yeshua em:
"Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós a eles; porque esta é a Torah e os profetas." – Matitiyahu
(Mateus) 7:12
II.3 - PARALELOS ENTRE YESHUA E OS ESSÊNIOS
Yeshua também demonstrou grande familiariade com a teologia dos
essênios, a qual muito provavelmente aprendeu com Yochanan, seu primo
(o qual pouca gente ousaria discordar do fato de que pertenceu ao
segmento dos essênios)
1)Os essênios promoviam a unidade (Yachad) em amor. (Philo; A
Hipotética 11:2)
Yeshua disse:
"para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em
ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste." – Yochanan (João) 17:21
2) Os essênios estabeleciam um conselho de 12 para direcionar a
comunidade (1Q58:1). Compare isto com a autoridade dada a Yeshua para
os 12 talmidim (discípulos), a fim de que eles pudessem gerenciar o
povo.
3) Os essênios eram frontalmente contra juramentos (Documento de
Damasco - Geniza A; Col. 15; Linhas 1-3) – compare com Matitiyahu
(Mateus) 5:33-37
4) Sobre as viagens dos essênios para pregarem a Palavra do Eterno,
veja o que diz o historiador Flavius Josefus:
"...e se alguém do segmento deles vem de outros lugares, o que eles
têm permanece aberto a eles, como se fossem um deles... como se
fossem conhecidos deles de muito tempo. Por esta razão eles não levam
nada consigo quando viajam a lugares remotos, apesar de ainda levarem
suas armas, por medo de aldrões.Da mesma forma, existe em cada cidade
onde eles vivem, alguém com a atribuição particular de cuidar dos
estranhos, e prover roupas e outras necessidades para eles."
(Josephus; Guerras 2:8:4) – compare com Matitiyahu (Mateus) 10:9-11 e
Lucas 22:38
5) A questão do divórcio:
"... eles são pegos em duas armadilhas: fornicação, por pegarem duas
esposas ao longo de suas vidas apesar do princípio da criação
ser: "macho e fêmea Ele os criou."
(Documento de Damasco - Col. 4 - linha 20 a Col. 5 - linha 1)
Yeshua disse:
"Respondeu-lhe Yeshua: Não tendes lido que o Criador os fez desde o
princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai
e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim
já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Elohim ajuntou,
não o separe o homem." – Matitiyahu (Mateus) 19:4-6
6) A Halacha sobre a questão de "Korban" (uma oferta) ser usada como
desculpa para violar a Torah (vide Matitiyahu / Mateus 15:1-8) - é
encontrada de forma similar entre os essênios (Documento de Damasco
16:13)
7) No capítulo 4 de Yochanan (João) encontramos a alegoria da "Água
Viva" saindo do poço de Ya'akov (Jacó) e trazendo a salvação e a vida
eterna. No Manual de Disciplina dos essênios, a lição da "água viva"
é encontrada e retirada simbolicamente do poço de Bamidbar (Números)
21:8, identificado pelo pergaminho como sendo a Torah. Podemos
concluir que Yochanan (João) 4 é uma Midrash (interpretação
alegórica), baseada num conceito existente entre os essênios naquela
época, para concluir que Yeshua é a Torah Viva, nossa fonta de vida
eterna (Compare Yochanan / João 4:10 e Documento de Damasco VI, 4-5;
VII, 9 - VII, 21).
8) O uso do Seder de Pessach (a ceia da "Páscoa Judaica") como sendo
um banquete messiânico, também era um conceito essênio (Josephus -
Guerras 2:8:5; Manual de Disciplina 6:3-6 e 1QSa. 2, 17-21)
9) O conceito de serem 'Bnei Or' (Filhos da Luz - compare Lucas 16:8
e Yochanan / João 12:36 com Manual de Disciplina 1,9: 2,24; 1QM)
10) Yeshua conhecia bem o Messias esperado pelos essênios. Veja a
explicação que ele deu a Yochanan Bar Zachariah (João Batista) em
Lucas 7:22:
"Então lhes respondeu: Ide, e contai a Yochanan o que tens visto e
ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e
os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciado o evangelho."
Agora compare com o critério do Messias esperado pelos essênios:
"[os céus] e a terra ouvirão ao Seu Messias, e ninguém se afastará
dos mandamentos dos santos. Vocês que buscam ao S-NHOR, fortaleçam-se
no serviço dEle! Todos vocês esperançosos em (seu) coração, vocês não
encontrarão o S-NHOR nisto? Porque o S-NHOR considerará os hassidim
(pios) e chamará os justos pelo nome. Sobre os pobres o Seu espírito
pairará e renovará os fiéis com o Seu poder. E Ele glorificará os
hassidim (pios) no trono do Reino Eterno. Ele que libera os cativos,
restaura a visão dos cegos, endireita os [tortos]... E o S-nhor fará
coisas gloriosas que nunca houveram... Pois Ele curará os feridos, e
reviverá os mortos e trará as boas novas aos pobres..." (4Q521)
11) O conceito da "luz da vida" (Yochanan / João. 8:12 & Man. Disc.
3, 7)
II.4 - PARALELOS ENTRE YESHUA E OUTROS RABINOS
Vemos ainda alguns paralelos entre Yeshua e outros rabinos. Como a
literatura rabínica é muito extensa, é provável que encontremos ainda
muitos outros, mas a idéia deste artigo é apenas a de demonstrar como
Yeshua foi muito bem instruído na sabedoria judaica:
1) Normalmente, Yeshua discordava fortemente dos p'rushim (fariseus)
da escola de Shammai, os quais eram extremamente legalistas em sua
observância da Torah. Vemos apenas UMA situação em que Yeshua
concorda com a escola de Shammai, que é a questão do divórcio
(repudiar a esposa) exposta em Matitiyahu (Mateus) 5:31-32,
semelhante à posição da escola de Shammai em m.Gittin 9:10).
2) Algumas expressões tais como "se teu olho direito de ofende,
arranca-o" e "se a tua mão direita te ofende, corta-a for a" (Mt.
5:29-30) são encontradas em discursos rabínicos semelhantes (vide
Niddah 13b)
II.5 - CONCLUSÃO
"E crescia Yeshua em sabedoria, em estatura e em graça diante de
Elohim e dos homens." – Lucas 2:52
As Escrituras deixam bem claro que Yeshua recebeu instrução. Porém, o
espectro de conhecimento apresentado pelo rabino Yeshua, tanto das
Escrituras, quanto das técnicas de interpretação da mesma, da
tradição oral, e dos ensinamentos dos sábios e rabinos ao longo da
história dos judeus, é simplesmente inimaginável!
Tamanho conhecimento e habilidade jamais foram vistos em toda a
história de Israel, e só poderiam vir do Filho de Elohim!
Parte III
Yeshua, O Rabino
III.1 - INTRODUÇÃO
Para entender completamente o que Yeshua fazia, e também seus
ensinamentos, é necessário entendermos o que era ser rabino no
primeiro século, como ensinavam, etc.
III.2 - O QUE FAZ UM RABINO?
Quando conhecemos alguém, uma das primeiras perguntas que fazemos
é "Qual a sua profissão?" Dependendo da profissão, pedimos também à
pessoa para explicar um pouco do que ela faz. Ao conhecermos mais
sobre a profissão de uma pessoa, passamos a conhecer mais sobre a
própria pessoa, pois ela passa grande parte da vida dela naquela
atividade. Por exemplo, se descobrimos que a pessoa que acabamos de
conhecer é um médico, esta informação nos diz bastante a respeito da
educação da pessoa, do seu círculo social, do seu status financeiro e
até mesmo da sua rotina diária.
E se você tivesse a oportunidade de voltar no tempo e encontrar com o
Yeshua dos Evangelhos, e perguntasse: "O que você faz?" O que Ele te
diria? Que tipo de educação um Salvador precisa ter? Qual era o
status social da profissão de Filho de D-us? Quanto um Messias
ganhava por mês? Qual era a rotina de um Libertador? Pois é, estas
perguntas não fazem sentido, não é mesmo? Porque o fato é que
conhecemos muito a respeito das definições teológicas de Yeshua (i.e.
Salvador, Filho de D-us, Messias, etc.), mas normalmente as pessoas
conhecem pouco sobre a vocação de Yeshua.
A vocação de Yeshua era rabino. Ele era um rabino de Galil
(Galiléia), com muitos admiradores e seguidores. Só estes fatos já
nos dizem muita coisa sobre quem o rabino Yeshua realmente é.
Naqueles dias, o termo "rabino" ainda não tinha o significado de
hoje. Hoje em dia, "rabino" é um termo usado automaticamente para
quem se forma em uma Yeshiva (instituição rabínica). O termo "rabino"
era um termo respeitoso para um grande professor. É neste contexto
que devemos procurar entender o rabino Yeshua.
Felizmente, a literatura judaica preservou para nós uma grande
riqueza em termos de tradições, ensinamentos, parábolas e histórias
de grandes rabinos do Judaísmo da mesma era que Yeshua (isto é, da
Era do Segundo Templo). Ao compararmos as palavras, as vidas e as
aventuras de outros rabinos contemporâneos de Yeshua, conseguimos
aprender bastante sobre o que significava ser um rabino no Primeiro
Século.
III.3 - QUAL ERA O SALÁRIO DE YESHUA?
Um rabino do Primeiro Século não era um clérigo ou ministro ordenado.
Aliás, apesar de muitas vezes serem vistos desta forma (devido
principalmente à cultura ocidental), até hoje os rabinos não são
exatamente ministros. Os rabinos do Primeiro Século não recebiam
salário de uma sinagoga ou denominação. Ao invés disto, eles
tipicamente praticavam alguma atividade comercial para sustentar o
seu ministério de ensino, ou viviam de doações. Por exemplo, Rabban
Gamliel aconselhava os seus alunos a combinar a prática da instrução
da Torah com uma atividade mundana (Avot 2:2). Seu aluno mais famoso,
o rabino Sha'ul HaBinyamin, mais popularmente conhecido como o
apóstolo Paulo, escolheu ser um fabricante de tendas ao invés de
aceitar doações de seus talmidim (discípulos).
Outros professores, como Yeshua, ensinavam e faziam talmidim
(discípulos) em tempo integral. Tais professores dependiam de doações
da comunidade e de seus alunos. (Lucas 8:3 menciona algumas mulheres
que apoiavam o ministério de Yeshua. Yochanan / João 12:6 lembra que
havia uma sacola de doações levada por Yeshua e seus talmidim /
discípulos.) Quando um rabino decidia se dedicar em tempo integral ao
ministério, isto normalmente significava ter que levar um estilo de
vida bastante humilde. Por isto ele disse que as raposas tinham tocas
e os passáros tinham ninhos, mas o Filho do Homem não tinha um lugar
para recostar a cabeça.
III.4 - ONDE MORAVA E TRABALHAVA YESHUA?
Pelo Talmud, fica bem evidente que na maioria das vezes um rabino do
Primeiro Século ensinava de uma sinagoga local. As sinagogas eram
normalmente chamadas de Beit Midrash (Casa de Estudo). Os alunos que
desejavam aprender daqueles rabinos frequentemente viajavam grandes
distâncias e, se fossem aceitos como talmidim (discípulos), eles
dedicavam as suas vidas não só a estudar, mas também a viver com o
seu rabino. Por outro lado, muitos dos sábios do Judaísmo do Primeiro
Século eram itinerantes, viajando de cidade em cidade, de sinagoga em
sinagoga, ensinando a Torah e fazendo talmidim (discípulos). O
ministério de Yeshua certamente era itinerante, embora ele também
utilizasse Kfar Nachum (Cafarnaum) como sua base. Tanto que nos
Evangelhos vemos Kfar Nachum (Cafarnaum) sendo chamada de "Sua
própria cidade." (Matitiyahu / Mateus 9:1). Em Kfar Nachum
(Cafarnaum), muito provavelmente ele se hospedava em um quarto na
casa de Kefah (Pedro). Contudo, ele certamente rejitou a oferta de se
tornar um rabino residente de Kfar Nachum (vide Lucas 4:43).
A maior parte do ministério de Yeshua consistiu das viagens dentre
Yerushalayim (Jerusalém) e Galil (Galiléia). Mas por que? Porque como
todo judeu observante da Torah em Israel, ele tinha que ir a
Yerushalayim (Jerusalém) e ao Templo para cada uma das três festas de
peregrinação: Pessach, Shavuot (Pentecostes) e Sukot (Tabernáculos).
O Talmud relata que os sábios aproveitavam as grandes multidões de
peregrinos para ensinar um grande número de pessoas nas alas do
Templo durante os festivais. Até mesmo aqueles rabinos que
normalmente ficavam em uma só localidade faziam isto, por entenderem
que era uma grande oportunidade de ensinar às massas. É por isto que
vemos nos Evangelhos Yeshua frequentemente ensinando nas alas do
Templo, sempre durante as Moedim (Festas Bíblicas).
III.5 - QUAL EXATAMENTE ERA A FUNÇÃO DE UM RABINO?
A função de um rabino no início do Judaísmo era a de transmitir os
ensinamentos (ou seja, a Torah) para a próxima geração. O livro de
Pirkei Avot ("A Ética dos Pais") começa com estas palavras "Moshe
(Moisés) recebeu a Torah do Sinai e a transmitiu a seu talmid
(discípulo) Yehoshua (Josué) e aos anciãos; os anciãos aos profetas,
e os profetas os homens da grande assembléia (geração de Ezra /
Esdras)." (Avot 1:1)
O padrão de professor-discípulo para transmissão da Torah e do
conhecimento de D-us foi estabelecido desde de o início da história,
e temos como primeiro exemplo mais concreto a Moshe e Yehoshua
(Moisés e Josué). Aos professores de cada geração era confiada a
tarefa de fazer talmidim (discípulos) e formar futuros professores
para a próxima geração. Geração após geração, de professor a aluno,
os ensinamentos da Torah eram transmitidos. Um rabino do Judaísmo do
Primeiro Século era dedicado exatamente a esta função (como é
considerado função de um rabino até hoje): ensinar a Torah de D-us. O
propósito de sua vida era explicar a Torah em termos práticos e
comunicar o conhecimento de D-us para a geração seguinte.
III.6 - OS TRÊS CRITÉRIOS PARA UM RABINO
O Pirkei Avot continua "Os Homens da Grande Assembléia disseram três
coisas `Seja deliberado em seu julgamento, forme muitos talmidim
(discípulos), e faça uma cerca para a Torah." Esta era a função de um
rabino do Primeiro Século.
I – Ser deliberado no julgamento: A função de um rabino era ser
cuidadoso ao tomar uma decisão legal ou ao interpretar as Escrituras.
Ele tinha que cuidadosamente examinar todas as evidências. Quando lhe
era perguntado algo sobre as Escrituras, ou quando tinha que tomar
uma decisão como ancião ou juiz em uma corte, ou até mesmo ao tomar
decisões sobre a observância da Torah (halacha), um rabino tinha que
ser cuidadoso e deliberado. Um rabino levava as Escrituras a sério, e
as estudava diligentemente para ser deliberado em seu julgamento.
II – Formar muitos talmidim (discípulos): A função de um rabino era a
de formar muitos talmidim (discípulos). Ele tinha que passar as
instruções a muitos alunos. Se ele não o fizesse, não haveria
continuidade de geração em geração. Sem talmidim (discípulos), o
estudo da Torah e o conhecimento do bem desapareceriam em uma
passagem de geração, e a próxima geração cairia em apostasia. A
função de um rabino era a de formar talmidim (discípulos) que por sua
vez se tornariam professores e formariam outros discípulos, para que
a Torah não se perdesse.
III – Fazer uma Cerca para a Torah: A tarefa de um rabino era a de
proteger a Torah, ou seja, proteger os mandamentos para que o povo
não caísse em pecado. Por exemplo, para que uma pessoa não cometesse
adultério, os sábios fizeram uma cerca, dizendo que um homem não
deveria ficar sozinho com uma mulher que não fosse sua esposa, para
que não caísse na tentação do adultério. Alguns dizem que Yeshua
condenou o princípio da cerca, mas na realidade o que Yeshua condenou
foi o excessivo legalismo, e o peso que havia nos exageros sobre as
leis de cerca. Como em tudo na vida, o ser humano tem a tendência a
cometer exageros, e as leis de cerca, que eram um conceito válido e
muito interessante, tornaram-se um peso muito grande.
Em seu ministério, Yeshua foi um rabino completo, cumprindo os três
critérios acima. Ele foi deliberado em sue julgamento, tomando
decisões brilhantes a respeito da interpretação da Torah. Ele formou
muitos talmidim (discípulos), mais do que qualquer outro rabino
jamais o fez. Além dos Doze Apóstolos, ele tinha centenas de alunos
devotos, e milhares de pessoas que ouviam aos seus ensinamentos. Ele
fez cercas para a Torah, por exemplo quando disse que alguém que
sequer olha para uma mulher com desejo já cometeu com ela adultério
no coração. Ou quando disse para não fazermos juramentos, mas que o
nosso sim seja sim e o não seja não. Nestes dois exemplos, ele fez
cercas para os mandamentos de adultério, e para alguns mandamentos
relacionados ao falar (i.e. não levantar falso testemunho, leis
acerca de juramentos, não tomar o nome de D-us em vão, etc.). Vemos
então que Yeshua era um rabino completo.
III.7 - ENTENDENDO AS PALAVRAS DO RABINO YESHUA
Quando começamos a estudar os ensinamentos e metodologias de ensino
dos primeiros rabinos, fazemos uma descoberta fantástica. Logo
percebemos que muitas das palavras e ensinamentos de Yeshua refletem
os ensinamentos de outros rabinos anteriores ou contemporâneos a ele.
A metodologia, hermenêutica, argumentação, pressuposições teológicas,
e até mesmo os assuntos abordados nos ensinamentos de Yeshua são
fundamentalmente rabínicos. Até mesmo a sua forma de ensinar
utilizando parábolas era um método de ensino comum no Primeiro
Século. Muitas de suas parábolas são derivadas de parábolas de outros
rabinos anteriores a ele, que Yeshua aproveitou e/ou reformulou para
transmitir Sua mensagem. Em poucas palavras, como rabino, ele
utilizou as ferramentas de um rabino para transmitir Suas idéias. Ele
utilizou tanto técnicas rabínicas quanto materiais rabínicos, tal
qual já demonstramos brevemente no segundo artigo desta série.
A literatura judaica nos permite comparar Suas palavras com as
palavras dos rabinos que vieram antes dEle, ou mesmo dos rabinos
contemporâneos a Ele. Assim, conseguimos compreender melhor algumas
expressões idiomáticas obscuras e elementos do estilo judaico que
Yeshua empregou, ao fazermos tais comparações. Através da literatura
judaica, conseguimos entender melhor os pontos de conflito entre
Yeshua e o sistema do Judaísmo que existia no Primeiro Século. E o
melhor de tudo é que, consequentemente, conseguimos entender melhor a
Yeshua e à Sua mensagem, dentro do seu contexto original.
III.8 - CONCLUSÃO
Yeshua é um rabino. Seus ensinamentos são fundamentalmente rabínicos.
Para entendermos melhor quem Ele foi e o que Ele ensinou, é
necessário explorarmos o material e as metodologias rabínicas de Sua
época.
Parte IV
Um Rabino Muito Especial
IV.1 - INTRODUÇÃO
As três primeiras partes deste estudo mostravam como Yeshua se
encaixa na descrição normal de um rabino do Primeiro Século em
Israel. Mas, naturalmente, o Filho de Elohim era um rabino muito
especial. Podemos citar pelo menos três diferenças básicas entre
Yeshua e os outros rabinos.
IV.2 – SUA MENSAGEM: O REINO DE ELOHIM
Sua mensagem focava no fato de que era chegado o Reino dos Céus. Este
era um assunto que era muito discutido entre os sábios da época, e
esperado por alguns dos segmentos do Judaísmo. Os essênios, por
exemplo, viviam na expectativa apocalíptica da chegada do Reino dos
Céus, que culminaria na batalha entre os Filhos da Luz e os Filhos
das Trevas. Porém, nenhum rabino jamais houvera anunciado a chegada
do Reino dos Céus. Yeshua veio proclamando o advento do Reino de
Elohim, e o restante da Sua mensagem está relacionada à urgência da
restauração do nosso relacionamento para com D-us, em virtude da
chegada do Seu Reino.
IV.3 – A SEMICHAH DE YESHUA
Enquanto os outros sábios, para poder validar sua autoridade,
ensinavam em nome de seus professores e predecessores, Yeshua
ensinava no nome que lhe foi dado pelo Pai (Yud-Hey-Vav-Hey – o maior
nome que existe acima nos céus e abaixo na terra).
Até hoje, a autoridade rabínica é conhecida como "semichah", e é
obtida através da imposição de mãos por alguém que a tenha recebido
anteriormente. Sem tal autoridade, um rabino não poderia ensinar,
muito menos tecer seus próprios comentários acerca das Escrituras.
Yeshua não recebeu sua "semichah" pela imposição de mãos de homens,
mas sim pela autoridade do Pai. Este evento é representado pelo
mikveh (imersão) de Yeshua, onde a Ruach HaKodesh (o Espírito Santo)
desceu sobre Ele.
Yeshua foi o único rabino com autoridade para questionar até mesmo as
tradições rabínicas anteriores. O próprio Judaísmo rabínico reconhece
que o Messias tem autoridade para mudar a Halacha (as decisões sobre
como observar corretamente a Torah), e ensinar a observar
propriamente a Lei do Eterno. Yeshua não mudou a Torah, pois o Eterno
não muda, mas questionou muitas tradições rabínicas (embora tenha
concordado com outras). Yeshua disse "Vocês têm ouvido… mas Eu lhes
digo." Quando dizia esta frase, Yeshua mostrava Sua autoridade
absoluta. Por isto lemos "Ao concluir Yeshua este discurso, as
multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como
tendo semichah, e não como os seus professores da Torah."
(Matitiyahu / Mateus 7:28-29)
IV.4 – OS MILAGRES DO NOSSO RABINO
O ministério de ensinamento do rabino Yeshua foi complementado e
validado pelas manifestações dos milagres do Reino dos Céus que o
acompanhavam. Os doentes foram curados, os que eram oprimidos por
demônios foram libertos, os famintos foram alimentados, os cegos
voltaram a ver, os aleijados andaram, os surdos ouviram, e os mortos
voltaram à vida. Milagres desta magnitude eram muito raros dentre
outros rabinos. Mas no ministério do rabino Yeshua, os milagres eram
a regra, e não a exceção.
IV.5 – UM RABINO SE TORNA MALDIÇÃO
Os rabinos do Primeiro Século conheciam muito bem a Torah. Sabiam que
a Torah, como Palavra do Eterno, é árvore da vida, mas também pode
trazer morte. Por que? Porque o conhecimento do bem não vem sem o
conhecimento do mal, e eles sabiam quais eram as consequências de não
viverem de acordo com a Torah. Sabiam de todas as terríveis maldições
que viriam como consequência disto. Certamente encontraríamos no
Primeiro Século, e até mesmo hoje em dia, muitos rabinos que dariam
sua vida para salvar a alguém.
No entanto, nenhum rabino que se preze aceitaria tomar sobre si todas
as horríveis maldições que a Torah descreve como sendo consequência
da transgressão. Certamente que não aceitariam nem mesmo a metade.
Yeshua, como rabino, conhecia bem a Torah. Sabia de todas as
horríveis maldições, tanto físicas quanto espirituais, que estaria
para sofrer, em nosso lugar. E em Seu grande amor, Yeshua decidiu nos
salvar. O maior rabino de todos os tempos também demonstrou o maior
amor de todos os tempos, ao tomar sobre si algo que todos os outros
rabinos julgavam e ainda julgam impensável.
IV.6 – O RABINO QUE VOLTOU DOS MORTOS
Yeshua também foi o único rabino a ressurgir de dentre os mortos.
Nenhum outro rabino na história jamais fez, e jamais fará tal coisa.
Se você ainda tem dúvidas sobre isto, imagine a seguinte situação:
após a sua morte, os seus talmidim (discípulos) estavam dispersos e
completamente desnorteados. Eram pobres, sem as doações que eram
feitas ao ministério de Yeshua, não tinham como se sustentar. Estavam
desapontados, pois esperavam ver o seu rabino coroado como rei em
Yerushalayim (Jerusalém), e no entanto seu rabino foi preso,
torturado, morto e nada fez para impedir. A grande maioria das
multidões que o seguiam agora também estavam desapontadas, se
sentindo desiludidas pois também esperavam que Yeshua os libertasse
de Roma.
Sem dinheiro, sem as multidões, sem rumo, sem o seu pastor, confusos,
desiludidos, amedrontados, dispersos, perseguidos por Roma e por
muitos moradores da região de Yehudah: este era o quadro dos talmidim
(discípulos) de Yeshua. E no entanto, algo acontecesse. Eles passam
de adolescentes amedrontados a intrépidos proclamadores do Reino dos
Céus, ao ponto de levarem adiante a mensagem de Yeshua até os confins
da Terra, dispostos a darem suas vidas por esta mensagem. O que
mudou? Justamente o fato de que Yeshua ressurgiu dos mortos, e
apareceu para eles. Sem isto seria impossível imaginar que os
talmidim (discípulos) seriam capazes de levarem sozinhos uma mentira
adiante.
IV.7 – SEGUINDO O RABINO YESHUA
Uma coisa é saber que Yeshua foi um rabino e até chamá-lo de rabino
Yeshua. Outra coisa bem diferente fazer dEle o seu rabino. Tal como
no Primeiro Século, até os dias de hoje existe uma grande diferença
entre aqueles que são curados ou salvos por Yeshua, e aqueles que
decidem serem seus talmidim (discípulos). Para realmente aprendermos
de Yeshua como os primeiros talmidim (discípulos) faziam, temos que
entender como Ele vivia, e procurar viver da mesma forma, e seguí-lo.
Pois o chamado de Yeshua é para que nós o sigamos. Se desejamos
conhecê-Lo como Ele realmente é, devemos experimentá-Lo não apenas
como Salvador, mas também como Mestre e S-nhor, e devemos dedicar
nossas vidas ao discipulado dEle.
Assim como ocorria no contexto do Primeiro Século, devemos entender
que ser discípulo de Yeshua é estar aprendendo constantemente dEle. É
um processo de uma vida inteira. O mesmo chamado de Yeshua está
disponível até hoje.
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